ESG e Gestão de Subcontratados

Setembro 12, 2025

O que é ESG e porque é relevante para os subcontratados?

O conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) ganhou um peso significativo na estratégia das empresas, sobretudo após a entrada em vigor da Diretiva CSRD, que obriga ao reporte de sustentabilidade.

No entanto, não basta olhar para dentro da organização. Os subcontratados e fornecedores representam uma parte crítica da cadeia de valor e podem ter impacto direto nos indicadores de sustentabilidade de uma empresa — desde emissões de carbono até condições de trabalho e práticas de governança.

Riscos de não integrar ESG na gestão de subcontratados

Ignorar os critérios ESG na gestão de terceiros pode trazer riscos sérios:

  • Ambientais: emissões, poluição ou má gestão de resíduos.
  • Sociais: acidentes de trabalho, incumprimento da legislação laboral ou violações de direitos humanos.
  • Governance: corrupção, falta de transparência ou incumprimento contratual.
  • Como aplicar critérios ESG na gestão de subcontratados?

Estes riscos podem resultar em multas, perda de contratos e danos reputacionais, afetando diretamente a sustentabilidade e competitividade da empresa

Como aplicar critérios ESG na gestão de subcontratados?

1. Definir critérios de seleção sustentáveis

Inclua requisitos ESG nos processos de seleção e homologação de fornecedores, garantindo que os parceiros partilham os mesmos valores e padrões. Exemplos práticos:

  • Ambientais (E): exigência de certificação ISO 14001, plano de gestão de resíduos, monitorização de emissões de CO₂ ou compromisso de redução do consumo de energia.
  • Sociais (S): cumprimento da legislação laboral e de SST (ex.: Lei n.º 102/2009, em Portugal), políticas de diversidade e inclusão, programas de formação em segurança ou prova de inexistência de trabalho infantil.
  • Governance (G): existência de código de conduta, políticas anticorrupção e de ética empresarial, transparência fiscal e evidência de conformidade com a legislação em vigor.

Estes critérios não só ajudam a selecionar fornecedores alinhados com os compromissos da empresa, como também permitem reduzir riscos de não conformidade e reforçar a credibilidade perante clientes e stakeholders.

2. Avaliar riscos e conformidade

Não basta avaliar o preço ou a qualidade técnica: é essencial analisar também indicadores de SST, práticas ambientais e políticas de governance, pois estes fatores influenciam diretamente a sustentabilidade da cadeia de valor.

  • Segurança e Saúde no Trabalho (SST): verifique se o fornecedor cumpre a legislação nacional (ex.: Lei n.º 102/2009, em Portugal), se dispõe de avaliações de riscos atualizadas, se realiza formação regular para os trabalhadores e se possui certificações como a ISO 45001. A análise de taxas de sinistralidade laboral ou histórico de acidentes também é um indicador relevante.
  • Práticas ambientais: avalie se o fornecedor possui certificações como a ISO 14001 ou a EMAS, se apresenta relatórios de monitorização de emissões, consumo de água e energia, e se dispõe de planos para a gestão de resíduos e substâncias perigosas. Importa também verificar a adoção de políticas de economia circular e objetivos de redução da pegada de carbono.
  • Políticas de governance: assegure que o fornecedor adota práticas de transparência, integridade e ética. Isto pode incluir a existência de um código de conduta, medidas de prevenção da corrupção, auditorias financeiras regulares e mecanismos internos de denúncia (whistleblowing).

Ao integrar estes indicadores no processo de avaliação de fornecedores, a empresa consegue não só reduzir riscos legais e reputacionais, mas também garantir que a sua cadeia de valor está alinhada com os princípios ESG e as exigências crescentes do mercado.

3. Digitalizar a gestão documental

As ferramentas digitais de gestão de subcontratados são hoje um pilar essencial para garantir conformidade e transparência. Em vez de depender de processos manuais ou folhas de cálculo dispersas, estas plataformas centralizam toda a informação relevante e permitem:

  • Controlar licenças, certificações e requisitos legais em tempo real, assegurando que apenas fornecedores conformes têm acesso às instalações ou aos contratos.
  • Automatizar alertas e notificações sobre prazos de validade de documentos críticos (ex.: seguros de trabalho, formações obrigatórias, certificações ISO), evitando falhas por esquecimento.
  • Rastreabilidade total, com histórico de uploads e aprovações, facilitando inspeções de autoridades ou auditorias externas.

Com estas soluções, a gestão deixa de ser apenas administrativa e passa a ser estratégica, apoiando a tomada de decisão e reforçando a confiança de clientes, investidores e stakeholders.

4. Promover formação e alinhamento cultural

A sensibilização e formação dos subcontratados é fundamental para garantir que os compromissos ESG da empresa não ficam apenas no papel, mas são também aplicados no terreno. Muitas vezes, os parceiros externos trabalham lado a lado com os colaboradores internos, pelo que é crucial promover um alinhamento cultural.

Algumas boas práticas incluem:

  • Formação inicial obrigatória para todos os subcontratados em matérias como segurança no trabalho, boas práticas ambientais (gestão de resíduos, consumo eficiente de recursos) e código de conduta ética.
  • Workshops e campanhas de sensibilização sobre objetivos ESG da empresa, assegurando que os prestadores compreendem o impacto da sua atividade nos indicadores de sustentabilidade.
  • Integração dos subcontratados em programas internos (ex.: dias de voluntariado, iniciativas de neutralidade carbónica ou campanhas de diversidade e inclusão).
  • Comunicação contínua e clara, através de manuais, vídeos ou plataformas digitais, reforçando políticas e expectativas em relação ao desempenho ESG.
  • Avaliação periódica da eficácia da formação, com questionários, auditorias de campo ou indicadores de desempenho, para garantir que os conceitos transmitidos estão a ser aplicados na prática.

Este processo não só melhora o cumprimento legal e normativo, como também contribui para criar uma cultura partilhada de sustentabilidade, ética e segurança, na qual todos — colaboradores internos e externos — trabalham em sintonia para alcançar os mesmos objetivos.

5. Monitorizar e auditar continuamente

A monitorização constante e as auditorias regulares são essenciais para assegurar que os compromissos ESG assumidos com os subcontratados estão a ser cumpridos. Não basta definir critérios iniciais; é necessário verificar, medir e corrigir sempre que necessário.

Exemplos de práticas:

  • Auditorias presenciais e digitais aos fornecedores, avaliando cumprimento de SST, gestão ambiental e políticas de governance.
  • Relatórios periódicos de desempenho ESG, emitidos pelos próprios fornecedores e validados pela empresa contratante.
  • Sistemas digitais de monitorização, que permitem acompanhar indicadores em tempo real e gerar alertas de não conformidade.

Exemplos de KPI para gestão ESG de subcontratados:

  • Ambientais (E):
    • % de fornecedores com certificação ISO 14001 ou EMAS.
    • Redução anual das emissões indiretas de CO₂ (Scope 3).
    • Taxa de cumprimento dos planos de gestão de resíduos.
  • Sociais (S):
    • Taxa de acidentes de trabalho de subcontratados (por milhão de horas trabalhadas).
    • % de trabalhadores de fornecedores com formação em SST atualizada.
    • % de fornecedores que cumprem integralmente a legislação laboral nacional.
  • Governance (G):
    • % de fornecedores que assinaram e cumprem o código de conduta da empresa.
    • Número de não conformidades de governance detetadas em auditorias anuais.
    • Tempo médio de resolução de não conformidades detetadas.

Ao acompanhar estes indicadores, a empresa consegue não só garantir conformidade legal e contratual, mas também identificar oportunidades de melhoria contínua, fortalecendo toda a cadeia de valor.

Benefícios de integrar ESG na gestão de subcontratados

  • Redução de riscos legais e operacionais.
  • Cumprimento das exigências legais europeias e nacionais.
  • Maior confiança de clientes, investidores e stakeholders.
  • Reputação fortalecida e vantagem competitiva.
  • Cadeia de valor mais eficiente, segura e sustentável.

Conclusão

A integração de critérios ESG na gestão de subcontratados é um passo essencial para qualquer empresa que queira ser competitiva, transparente e sustentável. Ao alinhar parceiros externos com os seus compromissos ambientais, sociais e de governance, a sua organização estará mais preparada para enfrentar os desafios atuais e futuros.


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